Etarismo: não deixe este preconceito te definir

Nos últimos dias, o etarismo ganhou um grande destaque nas notícias, tendo o caso de três universitárias de Bauru, que zombaram de uma colega de 40 anos, como exemplo do preconceito existente em nossa sociedade contra pessoas de idades mais avançadas.

Infelizmente, este tipo de discriminação pode ser encontrado de diversas formas no mundo contemporâneo, impondo limites aos mais velhos através de frases, como “você não tem mais idade para isso”. Aposto que você já deve ter ouvido alguém falando isso por aí, não é?

Para que não deixemos este tipo de pensamento definir quem somos e o que podemos - ou não - fazer, nós preparamos o post de hoje com muito carinho para vocês. Afinal, queremos te mostrar que o etarismo não pode tomar as rédeas da sua vida e que você pode - e deve - fazer tudo aquilo que sempre teve vontade, independentemente da sua idade!

Quer entender mais sobre o assunto? Então confira o nosso conteúdo completo agora mesmo!

O que é etarismo?

O etarismo, também conhecido pelo nome de ageism, é um termo utilizado para definir uma forma de intolerância relacionada à idade, com conotações bem semelhantes ao racismo e ao sexismo, contra pessoas de idades mais avançadas.

Nos Estados Unidos, este tipo de preconceito vem sendo discutido desde a década de 60. Em 1967, o congresso norte-americano promulgou o Age Discrimination in Employment Act, uma lei para proteger os trabalhadores acima de 40 anos, a fim de combater o etarismo institucional que era praticado pelas instituições através de suas políticas e práticas.

A União Europeia também introduziu novas leis contra este tipo de discriminação em seu âmbito profissional. No entanto, como sabemos, há uma maior flexibilidade para que os seus países membros tenham suas próprias legislações relacionadas ao tema, o que torna o consenso algo ainda distante.

Já no Brasil, apesar do etarismo não ser abordado tão comumente, algumas mudanças já têm sido feitas e apontadas pelos recentes levantamentos estatísticos - IBGE e Censo 2010. Assim, podemos perceber um aumento da idade média da força de trabalho brasileira dentro das organizações, mostrando maiores oportunidades abertas a pessoas mais velhas.

Como o etarismo está presente em nossa sociedade?

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, entre os anos de 2012 e 2022, o percentual de pessoas com mais de 60 anos no Brasil passou de 11,3% para 14,7%. Ou seja, os idosos passaram a corresponder a quase 15% da população brasileira!

Porém, apesar do aumento da longevidade nos últimos tempos, não podemos negar que o etarismo ainda é muito presente em nossa sociedade, menosprezando pessoas com a idade mais avançada. Infelizmente, vagas de emprego são negadas devido à idade e, até mesmo, atividades de bem-estar - como matricular-se em uma academia - são vistas como inadequadas.

Pensando nisso, reunimos alguns exemplos de etarismo presentes no nosso dia a dia para que você saiba identificar este problema quando estiver por perto. Olha só:

• Demissão após atingir determinada idade;
• Não ser promovido por ser “velho demais”;
• Ter a aposentadoria incentivada constantemente;
• Não poder se matricular em uma atividade física por causa da faixa etária;
• Se sentir ridicularizado por não conseguir se adaptar às tecnologias;
• Ser alvo de piadas a respeito da idade.

É claro que estes são somente alguns exemplos. O importante é entendermos que a essência do etarismo está na ideia de que após uma determinada idade, uma pessoa não é capaz de aprender ou exercer novas atividades, sendo em sua vida pessoal ou profissional.

Quais são os impactos deste preconceito?

Segundo a médica e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Ivete Berkenbrock, o etarismo é capaz de afetar a saúde mental de quem o sofre, já que a pessoa tende a ficar em isolamento, não se sentindo confortável nos lugares que frequenta. Isso pode levar a diversas consequências psicológicas, incluindo a depressão e ansiedade.

Além do impacto mental, o etarismo também acaba afetando o cotidiano da população idosa. Isso porque, muitas atividades de lazer e locais para a prática de exercícios físicos não contam com a acessibilidade, o que acaba negando o acesso de pessoas com idade mais avançada, negligenciando seus prazeres.

Ser alvo de preconceito por estar em uma etapa tão natural de nossas vidas já é um sinal de como este etarismo pode ser prejudicial de diversas formas. No entanto, o nosso âmbito financeiro também pode ser afetado devido a essa rejeição, já que o valor de muitas aposentadorias, infelizmente, não é digno o suficiente para garantir qualidade de vida adequada aos idosos.

O aumento da longevidade é, sem dúvidas, uma grande conquista para a nossa sociedade, pois nos mostra o quanto fomos capazes de passar por diversas dificuldades até chegarmos ao estágio em que nos encontramos hoje. Sendo assim, por que tratar o envelhecimento com desprezo?

Devemos nos orgulhar de tudo o que passamos e das histórias que possuímos. Afinal, nunca é tarde para fazermos o que amamos e entendermos o nosso real valor!

Como combater o etarismo no dia a dia

Enfrentar o etarismo no dia a dia exige uma nova compreensão do envelhecimento por todas as partes envolvidas nesse processo. Para isso, é preciso contrariar conceitos ultrapassados, como o de que pessoas mais velhas são “fardos”, e reconhecer as maravilhas que a velhice pode nos trazer.

Para te auxiliar neste combate ao preconceito, reunimos algumas dicas mais que especiais por aqui. Dá só uma olhada!

Pessoas mais jovens

Os jovens podem colaborar muito neste processo de conscientização sobre o etarismo, entendendo quais comentários e ações são discriminatórios para que possam ser evitados. Separamos alguns exemplos de falas e pensamentos para você evitar em seu dia a dia:

• “Você até que está bem para a sua idade”;
• “Alguém na sua idade já não consegue fazer isso”;
• “Você não aparenta a idade que tem”;
• “Só velho faz isso”;
• “Essa roupa não é para você”;
• “Esse esquecimento é da idade”;
• “Isso é coisa de velho”;
• “Você não entende dessas coisas, já está velho(a)”.

O combate ao preconceito começa com pequenos atos, como este. Que tal tentar também?

Pessoas mais velhas

O combate ao etarismo por pessoas mais velhas acontece ao não normalizarmos este tipo de preconceito. Por isso, não tenha vergonha de falar sobre este assunto com pessoas de confiança, ok?

Além disso, focar no seu bem-estar, tanto físico, quanto mental, pode ser uma boa forma de melhorar a sua vida social e aumentar o contato com as pessoas que você ama. Então não deixe de praticar exercícios físicos, se alimentar e dormir bem, além de fazer um bom check-up médico constantemente, hein!

Ah… E como nós sabemos que este tipo de preconceito pode causar feridas em quem o sofre, queremos te dizer que está tudo bem em procurar profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, para te ajudar neste momento.

Infelizmente, o etarismo é capaz de magoar e afetar o nosso estado psicológico, então não deixe isso de lado!

Denuncie!

Apesar do etarismo ser considerado um crime no nosso país, muitos atos preconceituosos continuam acontecendo. Porém, é importante lembrar que a Constituição Federal proíbe qualquer tipo de preconceito em relação à origem, raça, sexo, cor e idade de um indivíduo, com pena de reclusão de 6 meses a 1 ano, além de multa.

Segundo o Estatuto do Idoso - Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 -, é considerado crime “discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade”.

Além desse estatuto, outros recursos também estão disponíveis para ajudar no combate ao etarismo em nossa sociedade:

• Delegacias do Idoso: espalhadas por diversos municípios;
• Disque 100: número para denúncias de violações aos Direitos Humanos.

As denúncias podem ser feitas de maneira anônima. A central do Disque Direitos Humanos recebe ligações diariamente, 24h, inclusive em finais de semana e feriados. Não deixe que este tipo de discriminação continue ocorrendo, denuncie!

Não deixe que este preconceito te defina!

E já que estamos falando de etarismo, não poderíamos deixar de citar as notícias que abalaram as redes nessa semana, mostrando o poder que pessoas de idades mais avançadas possuem!

O Oscar 2023 foi marcado pela superação de antigos preconceitos, tendo vencedores como Michelle Yeoh, de 60 anos, Jamie Lee Curtis, de 64 anos, e Ke Huy Quan, de 51 anos. A premiação dessas celebridades nos mostrou o quanto a nossa idade não é uma justificativa para antigas discriminações, pois o nosso talento e capacidade não tem nada a ver com isso.

Michelle Yeoh, em seu discurso, reforçou a ideia de que a nossa data de nascimento não deve limitar nossos sonhos e estilo de vida ao dizer: “Mulheres, nunca deixem ninguém dizer que a sua melhor fase já passou”.

No Brasil, aos 60 anos, a nossa “rainha dos baixinhos”, Xuxa Meneghel, tem chamado muita atenção ao falar sobre a chamada patrulha do envelhecimento, criticando a sociedade que encara esta fase da vida como algo que deve ser combatido.

É claro que este processo biológico não é baseado em apenas flores! Envelhecer traz consigo algumas dores, perda de mobilidade, preocupações com a aposentadoria… Mas isso não quer dizer que você deva se enquadrar em um molde por causa da data estampada em sua certidão de nascimento!

Envelhecer é um estado de espírito e, de acordo com estudos recentes, quanto mais jovens nos sentimos espiritualmente, mais saudáveis e resilientes somos capazes de ser. Devemos lutar contra o nosso próprio etarismo internalizado e entender o poder que a nossa idade nos proporciona, respeitando nossas vontades e desejos.

Lembre-se: ninguém, além de você, pode decidir se você está velho demais para algo!

E aí, o que achou do nosso post de hoje?

Se quiser saber como cuidar ainda mais de si conforme os sinais da idade se fazem presentes, não deixe de conferir o nosso conteúdo sobre os cabelos grisalhos e aprenda a tratá-los da melhor maneira. Afinal, tirar um momento para o seu bem-estar é um lindo ato de amor próprio!